Na
última sexta-feira, 28/11/2014, fui pego de surpresa por uma notícia triste:
falecia Roberto Gomez Bolaños, o ator mexicano que interpretou Chaves e alegrou
inúmeras vezes às tardes em que eu chegava da escola e almoçava assistindo o
seriado. Quem nunca assistiu Chaves? Não há um brasileiro que nunca tenha visto
pelo menos um episódio do seriado mais famoso do País.
Chaves
para mim não foi apenas um humorístico, mas sim, aulas de filosofia e
sociologia, no qual, a crítica estava embasada em mensagens subliminares que
passam desapercebidas pelos mais desatentos espectadores. Não é à toa que o
seriado ainda faz tanto sucesso entre diferentes gerações que se divertem com a
“gentalha” que mora na Vila do “Seu Barriga”.
Bolaños
escreveu Chaves inspirado na história do filósofo Diógenes Laércio,
pós-socrático, nascido em 413 A.C., que vivia pelas ruas de Atenas perambulando
com uma lanterna procurando o saber e morava dentro de um barril. Diógenes
dependia de esmolas que moradores de um cortiço lhe davam para sobreviver. Ele
optou por esse estilo de vida para ser livre e dizer o que realmente pensa.
E
Chaves, no seriado, é a única pessoa livre na Vila. O único que realmente diz o
que pensa sem temer represálias desse ou daquele.
Além
desse contexto filosófico que cerca do seriado, Chaves, também pode ser
interpretado, do ponto de vista da sociologia, como a representação do momento
político-financeiro em que vivia a América Latina nas décadas de 60 e 70. Por
isso, para entender as críticas no humorístico é necessário compreender a época
de sua gravação.
Cada
personagem representa um país ou uma região da América.
O
dono da Vila, Seu Barriga, é o dono do capital, ou seja, quem detém o poder e
os meios de produção. Ninguém consegue, se quer, pintar a Vila sem a ciência do
capitalista em questão.
O
inquilino endividado da Vila, Seu Madruga, é a representação de países como o
México e o Brasil naquele período. Nações que não tinham nenhuma perspectiva de
crescimento futuro, que viviam renegociando suas dívidas externas com os países
de primeiro mundo.
Enquanto
a Dona Florinda, que também é mãe do Quico, está representada na figura da
burguesia falida nas décadas de 60 e 70. Assim como também, estes personagens
podem ser interpretados como países que já foram grandes potências econômicas,
mas faliram e mesmo assim mantinham a postura arrogante como se ainda
pertencesse ao alto escalão mundial.
O
personagem principal, Chaves, é a representação dos países pequenos das ilhas
caribenhas que sofriam com a má distribuição de recursos e a falta de
alimentos, isto é, nações que praticamente passavam fome e viviam da
generosidade de seus vizinhos.
O esporte
Roberto
Bolaños era um verdadeiro amante do esporte mais popular do Planeta Terra. E
evidentemente não deixou de fora o futebol. Mas outros esportes como boxe, beisebol e até o futebol americano foram temas de alguns episódios de Chaves. O esporte foi introduzido no seriado humorístico com a abordagem de integralização social e com destaque relevante para o complemento da educação das crianças, por isso, em alguns momentos o professor Girafales entra em cena para ensiná-los o verdadeiro papel das modalidades esportivas.
Em
vários momentos, Chaves revela admiração por Pelé e sempre está disposto a
disputar uma partida com Quico.
Relembre
alguns momentos em que o futebol e outros esportes também foi contextualizado como papel social
importante em episódios do Chaves:
Chaves jogou até futebol americano
O dia em que Chaves preferiu ver o filme do Pelé
Chaves como lutador de boxe
Chaves disputa uma partida de futebol com Godinez